quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Reflectir

Há silêncios que magoam como punhais
Palavras que se calam por temor
Carinhos que se enviam por sinais
Corações que se apaixonam por um qualquer
E há fumaça que se lança em redor
desta forma singela de existir…
Fugir como fogem os pássaros do temporal
Prender as amarras ao que há-de vir
É a medida exacta para lembrar
que o amor não vem de norte ou sul
não o traz o vento
Cresce ou definha a cada gesto
desvanece-se a cada lamento

Dezembro 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Afectos

Que não me faltem os sonhos
Não se escondam os afectos
Não se apague essa ténue imagem de felicidade
Caminharei entre verdes e cinzas esbatidos
até ao cume da vontade de ser uno, entre tantos
Tombar na lama de alguns perigos
Pensar em lutar por caprichos
Ficar imóvel no campo da batalha
Sentir o murmúrio dos fugitivos
Acabei só, continuo sozinho
Necessito de ti, como se de outra se tratasse
Alguém que me faça amar os dias,
dos Outonos de chuva e ventos

No coração construirei fortalezas,
para te abrigar dos meus medos


Novembro 2011

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Paixão é...

Quando os gestos se confundem
os suores se misturam
e os sabores se completam
Quando o calor dos corpos doma o desejo
tornando-o cego, selvagem, primário
Quando as palavras se tornam desnecessárias...

Quando as mãos vagueiam pela pele
como se procurassem o mundo
Quando ferve a vontade em nós
de ser o outro, e o mesmo
...

Novembro 2011

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Confesso…

Aventurei-me nas asas do desejo,
por terras deslumbrantes , estranhas, áridas de sentido
Amei o futuro, senti paz, deliciei-me com o momento
Voltei triste, cabisbaixo por não ser esse o caminho …
Tentarei sempre, amarrado á força que me vem do cio,
de ser parte de alguém que me acolha por inteiro.
Um dia, quando chegares ao destino,
uma parte de ti, sem saberes,  estará comigo!

Agosto 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Olhar de frente

Quem sugou o encanto deste pedaço de terra
Quem criou em pranto este pedaço de mar
Quem passou e ignorou este dilúvio de nada
Não foi certamente um  Deus…
Talvez alguém que se acomoda em templos de oração,
alguém que desdenha a criação
O verde que não o é, o vermelho esbatido que pinta o horizonte
E a dor, que dói e esmaga, corações sem cor
Há dias sombrios que se agigantam nos casebres
outros que, de tão pequenos, mais parecem lamentos
E há gente que não vive…segue o rebanho
Crianças, as vivas, são testemunhos ternurentos de que,
a haver Deuses, não conhecem o amor
Pergunto-me: porque estou aqui?
Por amar demais e ser cobarde...
Agosto 2011

terça-feira, 12 de julho de 2011

Á deriva

Momentos tristes, noites inacabadas, eterna insatisfação
Não sei onde pertenço, talvez não pertença aqui ou aí, quem sabe, ao limbo
Talvez a penumbra seja o meu ninho, o meu refúgio
Dias cinzentos o meu alimento, o meu baptismo
Seguro firme lágrimas que chorei outrora
Calo o grito das dores que me escureceram o caminho
Vejo-me reflectido em rostos que se atravessam
Reconheço-me nalguns, como réplica de um qualquer
Jamais terei paz enquanto viver…erro vezes demais o caminho
Prostrado, acobardo-me no desassossego
Escrevo consciente a revolta de ser uno nos medos,
relator do meu próprio destino

Julho 2011

domingo, 1 de maio de 2011

Enamorado

Chegaste  de mansinho como onda que se espraia na calmaria
Trazias um rosto de curiosidade e receio, porém sereno
Falámos de coisas, das coisas que nos completam e nos atormentam,
como os pedaços de vida que espalhámos pelo caminho.
Falamos da terra, dos desejos...do antes e depois desta aventura
Lembro que a minha surpresa,
foi alimento do ego, tão avido, tao faminto
Surpresa de ti, faminto de um ancoradouro neste lugar estranho,
onde amarre  a vontade de partir, não partindo
Confessei, mais tarde,  paixao... um desejo enorme de te ter comigo,
de fazeres parte dos sonhos que me alimentam a alma e me aguçam o desejo
Quis beijar-te, abraçar-te, como se fosses minha
Nao escondi o desejo, mas refre-ei a vontade e o instinto
Recordo-te doce, tranquila, capaz de amar e ser amada
Talvez sejas para mim o amanhã, ou quem sabe,  iterna
Talvez sejas  "a mulher", ou apenas miragem dos meus sentidos
Es ja um pouco de mim,  enamorado


Maio 2011

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mensagem

Há um galo na minha rua que não tem relógio!
Canta como se o deitar, fosse amanhecer
Repenica o canto, varia de tom,
esmaga o silêncio como se fosse dono do mundo
Não tem horas de dormir, como quem quer saber de tudo
Quando dorme, penso eu,
é de olhos abertos, botas calçadas, e catana na mão
Um dia vou convida-lo a entrar…
Quero ver de perto tão estranha figura,
que canta bravura ou apenas dedicação
Talvez seja franzino este galo…
ou um animal imponente, que apela á união
Não parece temer alguém, nem cantar para despertar os incautos
Será que está apaixonado?
Há umas galinhas vistosas, que vejo a passearem-se na rua…
Na dúvida, fico a ouvi-lo sem semear ventos


Fevereiro 2011

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cada dia é um recomeço, um passo em frente para o incerto
Não dou por aprendido o que me parece casual, sem sentido…
Não desdenho os dias em que nada acontece
Eles são também a vida, rumo, quem sabe, ao limbo…
Sombras gigantes, maiores do que as figuras que reflectem,
são egos a transbordar de poder…é o meu credo
Engolir pó do caminho, erguer as mãos em prece,
é para servos do acreditar que o destino,
está escrito numa língua qualquer
Estes jogos de almas, que se jogam antes do inferno,
concedem ao vilão…perdoado!  Tão vazio, tão sem significado...
Temo e creio nos Homens
Esta fé não se ensina em sebentas, não se apregoa em cultos


Janeiro 2011