quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

De volta às janelas

Abertas, aterradoras, imundas de genocídio
Amaldiçoamos os obreiros de tais feitos
que limpam o sangue das mãos em tratados de dejectos
Porém, ficamos imóveis à espera de novos tempos,
ou rezamos a Deuses imaginários
Esquecemos os corpos caídos, mutilados
As Crianças que vagueiam nos destroços
As valas comuns de corpos
As bandeiras de causas repugnantes, sem sentido
Esquecemo-nos de condenar tais assombros
Esquecemo-nos que seremos os próximos
se fecharmos a janela só para abafar os gritos
Sejamos corajosos, interventivos
Sejamos unos, revoltemo-nos
Os que ainda sobrevivem, e se erguem das cinzas em pranto,
merecem muito mais que lamentos.



Dezembro 2016

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Ensaio do Caos

Caminhos tortuosos que estreitam em cada passo
levam-te para além do imaginável
Não chores lágrimas de sangue
far-te-ão  falta para morrer com dignidade
Serás mártir, serás falado em manuais vindouros
Quando o mundo desabar da ilusão
O sol cair
A noite negrejar a imensidão
Lanças e punhais no teu guião
Do romance assombroso do fim do mundo
impedem que adormeças calado
gritam como loucos no teu ouvido
Serás mártir, serás falado em manuais vindouros
Quando o mundo desabar da ilusão
O sol cair
A noite negrejar a imensidão
Anarquia, mentes perversas
Tomarão o controlo das marionetas
Sugarão a vida dos homens bons
Acenderão as chamas dos infernos
Serás mártir, serás falado em manuais vindouros
Quando o mundo desabar da ilusão
O sol cair
A noite negrejar a imensidão

 Por fim, a ressurreição que recomeçará tudo.




Novembro 2016

terça-feira, 26 de abril de 2016

Noite

Enrosquei-me na cadeira, cruzei as pernas
Cigarro a acompanhar o sabor a pepino e hortelã,
qual bebida de Deuses que se bebe e quase se come…
Olhei em redor por entre luzes coloridas e ofuscantes
e escuridão de contrastes
Tanta gente marcada pelas sombras, pelas cicatrizes do infortúnio
Pelo que não têm, pela saudade, pelo que perseguem
Há de tudo….corpos cobertos de brilho e bugigangas 
disfarçam mal como crianças,
agitam-se  possuídas, em movimentos quentes e ondulados
Alguns, boquiabertos, não pertencem a este mundo
A música quase ensurdecedora, fruto dos tempos,
deixa escapar lamentos, aos berros
Acolá, qual miragem, há gente profunda…
Pensei, o que faço aqui?
Num turbilhão de emoções acendi outro cigarro,
ajeitei-me, e esqueci quase tudo…


Abril 2016