quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Enganos

Ontem, caído o pano, as palavras voaram de boca em boca
Uma luz celestial, envolta numa crença qualquer
alumiou casebres, alimentou a fome, adormeceu a dor
Rufaram tambores, deram abraços, sacrificaram a presa
Pisaram memórias, enterraram armas, choraram a esperança
Seguiram a força das multidões, desdenharam o que restou…
Hoje, percorrido caminho, ninguém se lembra de quem abraçou
Frágeis, efémeros…são assim os momentos de enganos
Sentado na plateia, observo impávido o desmoronar…
Vão passar anos, servir rodeios, prometer mundos
A fé também se compra… só até ao amanhecer
Depois, tal com antes, quando o sol brilhar
não haverá Povo que albergue, tantos lamentos

Dezembro 2010