quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Ergue-te, com amor!

Há dias assim
Dias em que te ergues, cambaleando, sem força para lutar
As batalhas intermináveis, que corroem e magoam, apoderam-se do teu viver
Tomam conta de ti, possuem-te, retiram-te a capacidade de ser uno
O corpo separa-se da mente, adormece… obediente
Os palavras que não ouves, estímulos de Amigos,
perdem-se nos pedaços  de um coração amassado, sem dono
Não há depois, nem agora, nem trilho para percorrer
Caminhas apenas, porque o caminho é caminhar
Enxergas as almas doentes, que te tratam como se fosses do rebanho
Odeias as sombras que se projectam dos haréns, em festins
Agora pára! Abraça o que resta de ti!
Pensa em quem amas, no que amas! Valerá a pena?!
Não há opção ao Amor!


Outubro 2015

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Renascer


Quero voltar
Quero entender todos os caminhos que me trouxeram aqui
Quero saber o que fiz, porque fiz, os obstáculos que não ultrapassei…
Não recordo os trilhos, os ziguezagues, as nuances dos anos calados
Não recordo as cores, as sombras, as emoções desses anos idos
Não recordo quem me acompanhou, quem me deu a mão, quem me desdenhou
Não recordo os sons, os odores, as palavras de incentivo
Não recordo a esperança, as derrotas, as vitórias estéreis
Não recordo nada, como se o nada fosse tudo
Ninguém pode ser inteiro, se não souber do passado
Ninguém pode ser uno, se não souber o quanto ficou pelo caminho
A busca em saber o que fomos, como chegámos,
explica somente o que não seremos, nunca o contrario
Aprendi, sem saber como,
que o fim de quem não recorda pedaços do passado,
é a constante renuncia à presunção do futuro.

 
Maio 2015

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Sonhos


Esta noite, revisitei lugares que tinham ficado pelo caminho
Lugares sombrios, marcados por dor e agonia
Sonhei com a minha morte, ao ajeitar o manto que me cobria
Acordei em sobressalto numa sala vazia, coberto de negro
Não quis voltar, fiz um esforço para ficar por conta da loucura
Pensei no significado, pensei se será o prenúncio de uma longa existência
Quem nunca sonhou com a vida, morrerá em pranto
Quem nunca sonhou com a morte, não terá vivido
Passados instantes, limpei o rosto repleto de medo,
e  sonhei  com o dia que me fará uno, imortal, talvez anjo
“Tu és especial, não te tens em boa conta".
Ai se um dia eu descubro a luz nesta penumbra…
Mesmo velho,
gritarei ao mundo que estou vivo!
 

Maio 2015

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Ensaio de conto infantil


Era uma vez uma flor que se chamava Jasmim!
O jardim em que morava, era como um enorme tesouro
Reluzente, e pintado com as cores do arco íris!
De dia, gostava do sol que lhe acariciava as pétalas,
dos pássaros que cantarolavam em seu redor,
e das abelhas que poisavam e lhe faziam cocegas com os pés peludos
À mesma hora de sempre, fim da tarde, vinham dar-lhe de beber
Um homem gentil, vestido de verde, trazia água num regador
Hoje foi um dia muito especial!
A Maria, a menina que mora na janela mesmo em frente,
e nos manda beijinhos de  boa noite,
passou de mochila às costas, e disse
Bom dia!
Bom dia Maria! Vais à escola?
Vou Jasmim, vou aprender!
Sabes o que vou aprender hoje, Jasmim?! …perguntou a Maria
Não, respondeu triste. As flores não vão à escola.
Vou aprender a cuidar de ti!
O meu livro diz que devemos cuidar dos Amigos!
Logo, quando voltar,
vou trazer uma brisa fresquinha para te refrescar!


Abril 2015

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Janelas


Quantos de vós querem realmente ouvir?
Quantos de nós, ao ouvirmos e vermos, queremos realmente fazer?
As janelas que outrora abria, continuam lá.
Para além delas, os gritos são cada vez mais definidos, mais prementes
Gritos de gente a sofrer, a implorar,
ajoelhados na indiferença dos que podem ser diferentes, sem o ser
Não se choquem, não se lamentem, não sejamos hipócritas
Reconhecemos a imensidão das janelas, atribuímos-lhe nomes,
e não ignoramos o que está para além delas…
Mesmo assim, enfeitamo-las com belas flores, pintamo-las de cores garridas,
na tentativa de esconder a passividade que nos vai nas atitudes
Ontem, não fosse o canteiro necessitar de ser regado, abri uma janela de cor clara
Fiquei furioso comigo, convosco, e com tanta vontade de escrever…
Quero assassinar o vosso conformismo, revoltar-vos se caso for,
apelar ao que de mais nobre tem a humanidade, o AMOR.
 

Abril 2015