segunda-feira, 9 de maio de 2022

Hipocrisia


Não nos contem histórias fantasiadas do que passou,
porque o vivemos
Não nos tratem como acéfalos inconscientes,
porque o sentimos
Não nos inundem com os discursos rebuscados,
excertos de um guião de enganos
Todos somos culpados dos vossos erros
Falar verdade não cura, não reconstrói, não evita valas comuns
Mas no caos, para dar as mãos, têm que estar limpas de ferros
Não me imagino vivo a morrer de ódio
nem a caminhar nos destroços do que erguemos  
Até quando a hipocrisia?
Até ao dia em que não sejamos todos cordeiros


Maio 2022

sexta-feira, 4 de setembro de 2020

Estado de alma


Há sonhos filhos da puta
Pesadelos que nos fazem sofrer sem um fechar de olhos
Ou sonhos, que de sonhos, são apenas trocadilhos
Não deveríamos correr por eles, nem carrega-los incondicionalmente
A menos que, o sofrimento, seja o que resta nos escombros
Não quero ser eu, quero viver
Não me contento com o que resta de desejo, nem adormeço com sussurros
Se voltar a sonhar e voltarei
Acordarei a escrever


Setembro 2020

sábado, 1 de agosto de 2020

Sinais

O meu reino por um punhado de maresia que me lave a alma,
ou por sombras de calmaria que me encham o coração,
ou simplesmente, um olhar de esperança num rosto qualquer que olhe na mesma direcção
Talvez eu não entenda os sinais.
Leva-me, acorda-me desta deriva, traz de volta o que quero ser
sem que tragas apenas momentos efémeros, que me sabem a enganos.
Somos o que já vivemos, damos a medo os pedaços que já demos,
na tentativa frustrada de que dando, recebemos para sempre o dobro, em remendos. 
Outros há que descaminham a estrada dos afectos,
atalham pelos carreiros, vivem na luxuria de ser mais que um, no mesmo corpo.
Um dia, qualquer dia, não restará horizonte para enxergar.
Um dia, não seremos todos cegos.

  

Agosto 2020