Era uma vez uma criança que nasceu do mar
Olhos claros e pele morena
confundia-se com o espraiar da onda
Olhou para mim com a ternura que só as crianças sabem olhar e perguntou
Vais pescar muitos peixes?! Gostas do mar?!
Hesitei em responder e respondi a perguntar
O que fazes aqui?! Também gostas do mar?!
Eu sou o mar, respondeu!
Sou a calma que sentes e os arrepios que te invadem pelo contemplar!
Sou o cheiro a maresia e a gaivota que te sobrevoa a planar!
Sou o branco da espuma e a areia doirada que te tocam os pés e te fazem sonhar!
Sou o negrume da tempestade e a onda gigante que te faz recear!
Sou o baloiçar da vaga e a imensidão ao teu olhar!
Sou o Deus maior que te faz acreditar, no reencarnar das almas que amarás para além do viver!
E agora, já me podes responder?! O meu pai diz que és pescador…
Surpreendido, pensei.
Será que estou a delirar?! A loucura já invadiu o que me restava de bom senso?!
É a criança que fala ou a minha imaginação por ela?!
Continuava perante mim em sinal de desafio…
Balbuciei; pois…sabes… sou pescador…talvez um peixe ou talvez nada!
Mas gosto muito do mar!
Sorriu e correu pela praia a gritar…pai, pai, o senhor não sabe pescar!
2008
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