Naquele dia, senti que o mar me abandonou…
Que não soube guardar junto dele, parte de mim que lhe confiei
Os sonhos até então cristalinos, esfumaram-se em palavras
Exorcizei fantasmas, tornei clara a mensagem e...
nada restou de esperança
Talvez fosse um sinal, ou de sinal ter apenas o desejo de o ser
Um aviso talvez, para que não viva intensamente,
esta forma de viver
O mar, creio, não tem capacidade para nos substituir nas vontades,
alimentar por nós as fogueiras , mas faz-nos pensar, reflectir
Deposito nele os meus pesares, os fardos que carrego sem querer
Quem sabe não me ajuda a esquecer,
esta mágoa profunda de não saber se tudo o que passou foi ilusão,
ou apenas um ciclo falhado de uma sublime paixão…
Porém, já não sinto abandono.
Sinto que o caminho que nos leva a um lugar
escolhido pelo coração e por palavras destruído
é excesso de sentimento, traduzido num nada sem sentido!
Conto que o mar me guarde as outras paixões!
As que não dependem de palavras, gestos ou acções
As que são Amor de sangue, indestrutíveis, sem reservas
Sem pressupostos, sem dúvidas, sem lamentos.
Às minhas mulheres nada devo, e estou-lhes grato!
Sempre dei mais do que exigi em troca, em cada momento
Contudo, ainda não aprendi a passear pela vida… é um defeito!
Mas vou aprender…será uma outra forma de dizer que vos amo!
2010